É uma fuga, uma válvula de escape para o indivíduo que ainda não consegue equilibrar e dar sentido às diversas facetas de sua própria existência.
Escrito por Meyre Ramos.
As mais sérias pesquisas sobre a questão mostram um aumento do uso de drogas, mas principalmente, mostram a necessidade de se planejar ações preventivas adequadas ao grupo que se deseja atingir. Prevenir não é tão somente banir a possibilidade do uso de drogas, é considerar uma série de fatores para favorecer que o indivíduo tenha condições de fazer escolhas, pois, há fatores que aumentam as chances do indivíduo iniciar o uso de drogas, ou ainda, aumentam as chances de que esse uso inicial ou moderado se torne prejudicial ao usuário. Devemos ter em mente que vários fatores contribuem para a decisão de alguém usar drogas, e não somente um fator isolado, além disso, não é porque um indivíduo está envolvido em uma vida cheia de fatores de risco que, necessariamente, ele fará um uso problemático de álcool e outras drogas.
Afinal, o que leva o indivíduo a utilizar drogas? O que leva uma pessoa à ingestão de entorpecentes, chegando mesmo à dependência total? Com raras exceções, a resposta está diretamente ligada a instabilidades emocionais: medos, inseguranças, carências, relacionamentos doentios, dificuldades em família e preocupações profissionais. De uma forma ou de outra, a droga é utilizada para camuflar ou tentar aliviar a dor causada pela aparente incapacidade em compreender os próprios problemas. É uma fuga, uma válvula de escape para o indivíduo que ainda não consegue equilibrar e dar sentido às diversas facetas de sua própria existência, lembrando que mesmo uma pessoa em bom estado psicológico, ao experimentar por recreação um entorpecente pode sentir prazer e vir a repetir esse ato a ponto de se tornar dependente.
A formação de cada um de nós se inicia na família e é função dela proteger seus filhos e favorecer neles o desenvolvimento de competências, por exemplo: para lidar com limites e frustrações. Na adolescência, a falta de proteção da família, especialmente para o adolescente transgressor, que não sabe lidar com frustrações, pode favorecer o uso indevido de substâncias psicoativas. Se o jovem vem de uma família desorganizada, mas encontra em sua vida um grupo comunitário que faz seu asseguramento, oferecendo-lhe alternativas de lazer e de desenvolvimento de habilidades pessoais, pode vir a ter sua formação garantida, aprendendo a criticar por si próprio.
A presença de religião na vida do indivíduo também é um fator protetor ao uso de drogas, diversos estudos tem demonstrado que pessoas que praticam alguma religião ou que crêem em algo superior, tem menores chances de se envolverem com drogas, quanto mais religioso o indivíduo, menor seu interesse pelo consumo de substâncias psicoativas, incluindo as drogas ilícitas. Sabemos que a motivação para o uso de drogas vem de vários fatores, e um fator de proteção isolado não é garantia que um indivíduo não abusará de substâncias psicoativas. Para que se realize um trabalho de prevenção sério e cuidadoso, com um determinado grupo, é necessário, identificar fatores de risco, para minimizá-los, identificar fatores de proteção para fortalecê-los, tratar o grupo como específico, para identificar os fatores acima e lembrar que só se pode banir a droga se o consumidor, o próprio indivíduo se desinteressar por ela.
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