“Participar ou não é uma decisão de cada um e essa decisão depende essencialmente das pessoas se verem ou não como responsáveis e como capazes de provocar e construir mudanças”.
Por Meyre Ramos.
O dicionário Aurélio descreve o verbo mobilizar da seguinte maneira, “pôr em movimento, pôr em ação ou em uso, incitar à participação, Convocar para o serviço, colocar em circulação, transformar em bem móvel”. É notável como todas as expressões usadas ilustram movimento, daí quando pensamos em mobilização, costumeiramente confundimos este conceito com manifestações públicas, como passeatas e concentrações com presença de pessoas na rua reclamando algo comum, no entanto, isto não caracteriza mobilização comunitária. A mobilização acontece quando um grupo de pessoas ligadas por uma mesma comunidade ou sociedade decide e toma as devidas ações com um objetivo comum, buscando de modo contínuo, todos os dias, resultados que foram decididos e desejados por todos os envolvidos.
Podemos compreender a mobilização social como a reunião de sujeitos que pretendem resolver problemas e transformar a realidade, em relação a uma causa que possa ser considerada de interesse público, porém com o crescimento desordenado da sociedade, as maneiras de se incitar a população a um chamado se tornaram muito complexas o que exigiu novas estratégias de ação. Isso, evidentemente, impõe dificuldades e constrangimentos ao processo de mobilização, numa escala bem maior do que antes se verificava, pois a comunidade é convocada, mas participar ou não é uma decisão de cada um e essa decisão depende essencialmente das pessoas se verem ou não como responsáveis e como capazes de provocar e construir mudanças.
A extraordinária mudança nas formas de vida coletiva corresponde ao intenso desenvolvimento contemporâneo dos meios de comunicação, de tal forma que o conceito de “comunidade” como local de referência é progressivamente desafiado, exigindo especial atenção para as estratégias comunicativas que possam não apenas dar visibilidade às suas causas, mas alcançar um ambiente de cooperação que transcenda o âmbito local. A participação, em um processo de mobilização comunitária, é ao mesmo tempo meta e meio, por isso, não podemos falar da participação apenas como condição essencial de um processo de mobilização, mas ela cresce em abrangência e profundidade ao longo do processo, o que faz destas duas qualidades um resultado desejado e esperado.
Trabalhar conjuntamente com grande número de pessoas é penosamente difícil, porém indispensável quando o assunto é mobilização comunitária, más a partir do momento que se entende a importância da unidade de pensamento para compor estratégias que resolvam problemas comuns a todos como, por exemplo, a melhoria da qualidade da educação e a garantia do direito de aprender a todos os brasileiros, a garantia de hospitais com infra-estrutura e equipes capazes e policiamento suficiente pra deixar a população minimamente segura e tranquila, essa dificuldade passa a ser só um incomodo facilmente superado, tendo em vista um objetivo comum.
Individualismo é a palavra de ordem na sociedade atual, e com isso quem perde são os cidadãos que estão tão preocupados com o próprio nariz que não percebem que poderiam ganhar muito mais caso estivessem lutando em conjunto por algo que beneficie não só a eles. É exatamente esse pensamento egoísta que os políticos corruptos querem na população, pois, enquanto a pessoa busca melhorias somente em sua vida, nada é cobrado da administração pública, o que facilita os desvios e crimes administrativos por parte dos mesmos. Portanto deve-se pensar a respeito do que se busca para si, será que não seria mais sensato buscar algo em prol de todos?
fonte:
http://www.unifra.br/professores/rosana/marcio_henriques.pdf
http://mse.mec.gov.br/index.php/o-plano-de-mobilizacao-social-pela-educacao